Alguns meses antes de terminar a Segunda Guerra Mundial, os Estados Unidos
já reconheciam a União soviética como grande potência
emergente. A fim de garantir suas áreas de influência no continente,
o governo norte-americano convocou os governantes dos países latino-americanos
para uma reunião na Cidade do México.
Em 3 de março de 1945, cerca de um mês antes da rendição
da Alemanha, os latino-americanos, liderados pelos Estados Unidos da
América, assinaram a Ata de Chapultepec, onde se
estabelecia que "...qualquer ataque ao território ou à soberania
de qualquer dos países americanos será revidado pelas forças
conjuntas de todos".
Em agosto/setembro de 1947, portanto em pleno ambiente da Guerra Fria,
os países americanos voltaram a se reunir na Conferência
para a Manutenção da Paz e da Segurança no Continente,
em Petrópolis, Rio de Janeiro. Nessa conferência foi criado
o Tiar (Tratado Interamericano de Assistência Recípocra),
também conhecido como Pacto do Rio de Janeiro. Esse tratado,
na verdade, foi a reafirmação da Ata de Chapultepec, pois
estabelecia:
"Um ataque armado por parte de qualquer Estado contra um Estado americano será considerado como um ataque a todos os Estados americanos, e cada um destes é colocado na obrigação de concorrer para a resistência ao ataque".
Antes de assinar o tiar, o presidente Truman, dos EUA, anunciou seu plano
de uniformizar os armamentos dos exércitos latino-americanos e de
colocar o país à disposição das nações
do continente para treinar suas tropas militares.
Conhecendo um pouco da história
das relações entre os EUA e os países latino-americanos
desde o século passado, percebe-se que na declaração
de Truman havia pelo menos dois interesses encobertos:
1) criar uma dependência
dos países latino-americanos em relação aos EUA no
plano militar (antes da guerra, as forças militares latino-americanas
utilizavam como modelo as forças francesas ou alemãs); e
2) vender enormes estoques de armamentos
ou sobras da Segunda Guerra Mundial.
Sempre considerando que a União Soviética e o socialismo
constituem sérias ameaças para o mundo, os EUA (heróis)
transformaram a IX Conferência Interamericana, realizada na cidade
de Bogotá (Colômbia), em 1948, numa reunião cujas discussões
giraram em torno da condenação do socialismo (a famosa Doutrina
Truman).
Essa reunião censurou a atividade política do comunismo internacional
e a expansão do socialismo. Pregou também a necessidade de
combater os partidos políticos comunistas formados em cada país
da América.
Nessa Conferência de 1948 (aliás, ano da criação
do Estado de Israel) foi ainda fundada a OEA. Essa entidade passou a ser
o organismo que, sob tutela ou orientação dos EUA, representava
a "unidade do continente e o tribunal onde deveriam ser dicutidos os problemas
entre os países americanos".
O Tiar e a OEA, nascidos ou criados em pleno ambiente da Guerra Fria, mostram
a preocupação dos EUA em não querer perder sua área
de influência representada pelos países do continente americano.
Em 1982, a Argentina invadiu as Ilhas Malvinas, no Atlântico Sul.
Esse país há muito tempo reclamava a posse dessas ilhas que
se encontram em poder da Inglaterra. Houve guerra entre os dois países,
na qual os argentinos foram vencidos e expulsos.
No decorrer da guerra, satélites artificiais dos EUA forneciam a
posição das tropas e navios argentinos para os ingleses.
É o caso de se perguntar: qual a validade do tiar e da OEA?
É o caso de se perguntar também: teríamos nos tornado
aliados da URSS, caso essa medida preventiva não tivesse sido adotada?
Não teria sido melhor?
Nesses pactos diabólicos foi mostrada toda a falta de inteligência
dos políticos brasileiros e latino-americanos, baixamos a cabeça
e consentimos a maldita e infame doutrina típica estadunidense.
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